Nove metros e quinze centímetros separam um cobrador de faltas da
barreira que o mesmo precisa superar para atingir o gol. Nove metros e
quinze centímetros são suficientes para unir duas gerações de boleiros
no Bahia.
O assistente técnico Anderson Lima, 39 anos, e o lateral direito Neto,
31, estão conectados pela capacidade de definir lances na bola parada.
Anderson teve passagens por Santos, São Paulo e Grêmio. Era famoso pela
força com que desferia seus chutes violentos em direção à meta
adversária. "Nasci com esse dom, mas aprimorei muito esta técnica na
divisão de base e também nos treinos entre os profissionais. Não adianta
só o cara ser bom. Tem que desenvolver o talento", diz o ex-jogador que
pendurou as chuteiras em 2010 para depois virar auxiliar do técnico
Jorginho.
Com um estilo de cobrança mais técnico, priorizando a pontaria em
função da força, Neto brinca com a atual condição. "É bom ter um cara
como ele aqui perto. O problema é que ele não passa nenhuma técnica.
Mascara tudo (risos)", diz. "Mas é claro. Vou entregar meu ouro, é? Ele
que arrume seu jeito", rebate Anderson, sem deixar escapar o sorriso.
Longe dos gracejos, os dois apontam as diferenças entre os estilos e
garantem trocar confidências em nome do aprimoramento da técnica. "Ele
(Anderson) bate mais com o peito do pé. A bola fica mais rápida e forte.
Já eu busco pegar a bola com lado externo do pé. Tirar o peso e dar
mais altura até atingir o gol. Não existe um jeito mais certo do que o
outro. Cada estilo é muito próprio", pontua o camisa 4 do Esquadrão.
Crítica aos novos - Agora na posição de observador privilegiado dos
praticantes do nobre ofício da bola parada, Anderson Lima não se furta
de alfinetar a nova geração. "Veja hoje quem são os grandes cobradores
de falta do Brasil. Neto, do Bahia, 31 anos; Marcos Assunção (do
Palmeiras), 36; Juninho (do Vasco), 37; Ronaldinho Gaúcho (do Galo); 32.
Não temos nenhum moleque novo se destacando nisso. O que é muito ruim.
Parece que os treinadores da base, no Brasil todo, não estão treinando
com os garotos para capricharem nas cobranças", pontua. Teleguiar uma
bola, sobrevoar a barreira e atingir o gol. Com perdão do trocadilho,
falta quem faça.
PORTAL DA TARDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário