sexta-feira, 12 de abril de 2013

Analise dos resultados da Eleição da 41ª AGO Da CGADB ocorrida em Brasilia – DF – Uma eleição controversa

Análise da eleição I
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O pastor José Wellington Bezerra da Costa foi eleito para mais um termo de quatro anos. Ao final deste mandato, serão 29 anos à frente da CGADB. Há os que concordam com essa continuidade – quase perpetuação – e há os que discordam pelos malefícios que traz à instituição. Estou no último grupo. Embora a CGADB seja constituída de pastores que, em tese, fazem parte da igreja, ela é, em si mesma, no máximo, uma instituição paraeclesiástica, sem poder algum de interferir no dia a dia das igrejas locais. Nesse sentido, a perpetuação não permite o arejamento, o surgimento de novos líderes, a oportunidade de renovar as ideias e o fortalecimento da instituição como prestadora de serviços aos seus associados. A meu ver, portanto, teremos mais do mesmo nos próximos quatro anos. Se nos últimos quatro anos, nem o Centenário saiu a contento, o fato que se destacará será a realização da Conferência Mundial Pentecostal, em São Paulo, no ano de 2016, que se realizaria de qualquer forma se o eleito fosse da chapa concorrente.
Análise da eleição II
pr-jwbcA reeleição do pastor José Wellington é, por sua vez, controversa. Paira uma sombra que provavelmente jamais desaparecerá pela falta de interesse da Mesa Diretora em tirar o jabuti da árvore. Refiro-me às listas discrepantes, com números diferentes uma da outra, desde a extraoficial entregue ao pastor Samuel Câmara no dia 28 de dezembro de 2012 à última oficial disponibilizada no portal da CGADB. É certo que muitos nomes de inscritos não constantes nas listas pertenciam à convenções formalmente apoiantes da chapa “Amigos do Presidente”. Mas a imensa maioria – cerca de 2800 – pertencia às convenções formalmente apoiantes da chapa “CGADB Para Todos”. O justo era abrir a conciliação bancária dos boletos de pagamento das anuidades e inscrições, com a presença de representantes das duas chapas, para dirimir todas as dúvidas, com a arbitragem da Comissão Eleitoral, e remover qualquer suspeita de irregularidade no processo. Sem isso, a sombra permanece sobre a reeleição.
Análise da eleição III
41_Ago_Cgadb-AberturaCreio na soberania de Deus, ao mesmo tempo em que creio naresponsabilidade humana. De que forma elas se complementam não é de minha alçada dar a solução. Dito isto, se o pastor José Wellington foi reeleito, não podemos excluir Deus do processo. Mesmo na chamada não-interferência, ele é soberano para assim decidir com a finalidade de alcançar algum propósito. No limitado alcance da minha visão, não compreendo que seja manter a identidade assembleiana, nem os usos e costumes. Eles já foram para o espaço há muito tempo, inclusive no âmbito do ministério do Belenzinho. É mero discurso eleitoreiro. Poucos aos atrás, o presidente da CGADB pregava contra o uso das palmas. Nesta AGO, quando se ouviu um assovio ou outro de aprovação à mensagem que estava sendo pregada, logo depois ele pediu que não se fizesse isso, mas admitiu que podiam aplaudir. Um avanço ou mera acomodação? Mas só saberemos o propósito de Deus nisso tudo ao fim dos quatros anos de mandato.
Análise da eleição IV
cgadb-apuracao-4Por força das circunstâncias, essa eleição encerra um ciclo. A não ser que haja nova reforma no Estatuto para permitir “nova” reeleição, o pastor José Wellington terminará, ao final, o seu longo período à frente da instituição. Em 2017 ele já não poderá concorrer. Creio que teremos aí uma oportunidade ímpar de romper essa polarização e trazer o processo eleitoral para o leito da paz, da harmonia, sem a conflagração a que chegamos. Mas fica a pergunta: quem serão os candidatos? Haverá espaço para a Terceira, a Quarta ou a Quinta Via? O pastor Samuel Câmara concorrerá uma vez mais e todos virão contra ele com um único candidato? Continuaremos nesse ciclo vicioso? Não podemos deixar para pensar em cima da hora. É importante antecipar essas discussões.
Análise da eleição V
cgadb-apuracao-5A eleição teve um dado extremamente relevante que eu reputo como uma advertência dos convencionais à nova Mesa Diretora da CGADB. Os balancetes da CGADB e da CPAD foram aprovados com apertada margem, em virtude das diversas inconsistências encontradas, entre elas a hipótese do elevado salário da apresentadora do programa Movimento Pentecostal, Carlas Ribas, que vem a ser esposa do Diretor Executivo da CPAD, Ronaldo Rodrigues de Souza. Enquanto a chapa encabeçada pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa elegeu os seus candidatos até a quarta secretaria, a chapa encabeçada pelo pastor Samuel Câmara elegeu a quinta secretaria, os dois tesoureiros e todo o Conselho Fiscal. Moral da história: o poder de lidar com as finanças, bem como de auditá-las, estará nas mãos de pessoas que não têm qualquer compromisso com o atual sistema. Espero que não sejam cooptados e tenham coragem de abrir a caixa preta para que haja transparência nessa área que até hoje permanece obscura. Por outro lado, dada a discrepância no número de votos que tiveram em relação ao número de votos do candidato a presidente da chapa “CGADB Para Todos”, não poderia deixar de perguntar: Teria havido algum acordo com as respectivas convenções desses candidatos para votarem no pastor José Wellington, a fim de assegurar a sua eleição, em troca de também elegê-los? O tempo dirá.
Boca de urna
propaganda-eleitoral-cgadb-jwbcFoi permitido aos candidatos que distribuíssem propagandas nos arredores do local da AGO, o que, embora tenha amparo estatutário, vai de encontro ao código que trata das eleições seculares, que não permite esse tipo de campanha no dia da eleição. Mas a equipe da chapa “Amigos do Presidente”, foi muito além dos simples panfletos e adesivos: distribuiu chaveiros, canetas e camionetas de água mineral, que estampava nos copos a propaganda do candidato. Isso foi feito de forma ostensiva, sem qualquer impedimento da Comissão Eleitoral. Se fosse numa eleição secular, sofreria processo por abuso do poder econômico.

AGO perdida
41-agoIndependente do resultado eleitoral, considero essa AGO perdida. Gastamos fortunas, somados todos os recursos empregados no deslocamento dos convencionais, para não aprovarmos nada de relevante para a instituição Assembleia de Deus. Viemos à Brasília só para votar. Foram gastos dois dias – terça-feira e quarta-feira – na discussão e aprovação das balancetes da CGADB e CPAD. Nenhum outro assunto entrou em pauta, a não ser a moção de apoio a Marco Feliciano e os espaços abertos para a fala de alguns parlamentares evangélicos, além da apresentação de um vídeo sobre o projeto de evangelização na Copa do Mundo de 2014. Em suma, foi um elevado investimento para nada. É verdade que tivemos pela primeira vez bastante cobertura da mídia. Saímos até no Jornal Nacional, da Rede Globo, mas não vejo isso como avanço. Sou refratário a esse tipo de exposição, que mais serve aos interesses da emissora em busca de audiência e em sua guerra particular contra a Record.
Estou cansado
Por fim, confesso que estou cansado. Minhas forças se exaurem diante desse quadro, para mim, calamitoso em que nos encontramos. Sei que o Senhor Jesus tem compromisso com a sua igreja, não com a igreja dos homens. Mas é doloroso ver o que fazem em nome da Igreja de Cristo e posarem como “santos”, quando de “santos” nem a capa têm. O que aqui se expõe não é nem 10% do que sabemos. Fico como Jeremias que, em momentos assim, reclamava com Deus por não ver a resposta do povo às suas advertências. Estou cansado, mas tenho de continuar até quando Deus quiser. Mas sinto-me cada vez mais longe desses sistemas que em nada glorificam a Deus, mas buscam os interesses de uns poucos que sobrecarregam o povo com uma mensagem opressora que nem eles mesmos suportam.

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