Análise da eleição I

O pastor José Wellington Bezerra da Costa foi eleito para mais um
termo de quatro anos. Ao final deste mandato, serão 29 anos à frente da
CGADB. Há os que concordam com essa continuidade – quase perpetuação – e
há os que discordam pelos malefícios que traz à instituição. Estou no
último grupo. Embora a CGADB seja constituída de pastores que, em tese,
fazem parte da igreja, ela é, em si mesma, no máximo, uma instituição
paraeclesiástica, sem poder algum de interferir no dia a dia das igrejas
locais. Nesse sentido, a perpetuação não permite o arejamento, o
surgimento de novos líderes, a oportunidade de renovar as ideias e o
fortalecimento da instituição como prestadora de serviços aos seus
associados. A meu ver, portanto, teremos mais do mesmo nos próximos
quatro anos. Se nos últimos quatro anos, nem o Centenário saiu a
contento, o fato que se destacará será a realização da Conferência
Mundial Pentecostal, em São Paulo, no ano de 2016, que se realizaria de
qualquer forma se o eleito fosse da chapa concorrente.
Análise da eleição II

A
reeleição do pastor José Wellington é, por sua vez, controversa. Paira
uma sombra que provavelmente jamais desaparecerá pela falta de interesse
da Mesa Diretora em tirar o jabuti da árvore. Refiro-me às listas
discrepantes, com números diferentes uma da outra, desde a extraoficial
entregue ao pastor Samuel Câmara no dia 28 de dezembro de 2012 à última
oficial disponibilizada no portal da CGADB. É certo que muitos nomes de
inscritos não constantes nas listas pertenciam à convenções formalmente
apoiantes da chapa “
Amigos do
Presidente”. Mas a imensa maioria – cerca de 2800 – pertencia às
convenções formalmente apoiantes da chapa “CGADB Para Todos”. O justo
era abrir a conciliação bancária dos boletos de pagamento das anuidades e
inscrições, com a presença de representantes das duas chapas, para
dirimir todas as dúvidas, com a arbitragem da Comissão Eleitoral, e
remover qualquer suspeita de irregularidade no processo. Sem isso, a
sombra permanece sobre a reeleição.
Análise da eleição III

Creio na soberania de Deus, ao mesmo tempo em que creio na
responsabilidade humana.
De que forma elas se complementam não é de minha alçada dar a solução.
Dito isto, se o pastor José Wellington foi reeleito, não podemos excluir
Deus do processo. Mesmo na chamada não-interferência, ele é soberano
para assim decidir com a finalidade de alcançar algum propósito. No
limitado alcance da minha visão, não compreendo que seja manter a
identidade assembleiana, nem os usos e costumes. Eles já foram para o
espaço há muito tempo, inclusive no âmbito do ministério do Belenzinho. É
mero discurso eleitoreiro. Poucos aos atrás, o presidente da CGADB
pregava contra o uso das palmas. Nesta AGO, quando se ouviu um assovio
ou outro de aprovação à mensagem que estava sendo pregada, logo depois
ele pediu que não se fizesse isso, mas admitiu que podiam aplaudir. Um
avanço ou mera acomodação? Mas só saberemos o propósito de Deus nisso
tudo ao fim dos quatros anos de mandato.
Análise da eleição IV

Por
força das circunstâncias, essa eleição encerra um ciclo. A não ser que
haja nova reforma no Estatuto para permitir “nova” reeleição, o pastor
José Wellington terminará, ao final, o seu longo período à frente da
instituição. Em 2017 ele já não poderá concorrer. Creio que teremos aí
uma oportunidade ímpar de romper essa polarização e trazer o processo
eleitoral para o leito da paz, da harmonia, sem a conflagração a que
chegamos. Mas fica a pergunta: quem serão os candidatos? Haverá espaço
para a Terceira, a Quarta ou a Quinta Via? O pastor Samuel Câmara
concorrerá uma vez mais e todos virão contra ele com um único candidato?
Continuaremos nesse ciclo vicioso? Não podemos deixar para pensar em
cima da hora. É importante antecipar essas discussões.
Análise da eleição V

A
eleição teve um dado extremamente relevante que eu reputo como uma
advertência dos convencionais à nova Mesa Diretora da CGADB. Os
balancetes da CGADB e da CPAD foram aprovados com apertada margem, em
virtude das diversas inconsistências encontradas, entre elas a hipótese
do elevado salário da apresentadora do programa Movimento Pentecostal,
Carlas Ribas, que vem a ser esposa do Diretor Executivo da CPAD, Ronaldo
Rodrigues de Souza. Enquanto a chapa encabeçada pelo pastor José
Wellington Bezerra da Costa elegeu os seus candidatos até a quarta
secretaria, a chapa encabeçada pelo pastor Samuel Câmara elegeu a quinta
secretaria, os dois tesoureiros e todo o Conselho Fiscal. Moral da
história: o poder de lidar com as finanças, bem como de auditá-las,
estará nas mãos de pessoas que não têm qualquer compromisso com o atual
sistema. Espero que não sejam cooptados e tenham coragem de abrir a
caixa preta para que haja transparência nessa área que até hoje
permanece obscura. Por outro lado, dada a discrepância no número de
votos que tiveram em relação ao número de votos do candidato a
presidente da chapa “CGADB Para Todos”, não poderia deixar de perguntar:
Teria havido algum acordo com as respectivas convenções desses
candidatos para votarem no pastor José Wellington, a fim de assegurar a
sua eleição, em troca de também elegê-los? O tempo dirá.
Boca de urna

Foi
permitido aos candidatos que distribuíssem propagandas nos arredores do
local da AGO, o que, embora tenha amparo estatutário, vai de encontro
ao código que trata das eleições seculares, que não permite esse tipo
de
campanha no
dia da eleição. Mas a equipe da chapa “Amigos do Presidente”, foi muito
além dos simples panfletos e adesivos: distribuiu chaveiros, canetas e
camionetas de água mineral, que estampava nos copos a propaganda do
candidato. Isso foi feito de forma ostensiva, sem qualquer impedimento
da Comissão Eleitoral. Se fosse numa eleição secular, sofreria processo
por abuso do poder econômico.
AGO perdida

Independente
do resultado eleitoral, considero essa AGO perdida. Gastamos fortunas,
somados todos os recursos empregados no deslocamento dos convencionais,
para não aprovarmos nada de relevante para a instituição Assembleia de
Deus. Viemos à Brasília só para votar. Foram gastos dois dias –
terça-feira e quarta-feira – na discussão e aprovação das balancetes da
CGADB e CPAD. Nenhum outro assunto entrou em pauta, a não ser a moção de
apoio a Marco Feliciano e os espaços abertos para a fala de alguns
parlamentares evangélicos, além da apresentação de um vídeo sobre o
projeto de evangelização na Copa do Mundo de 2014. Em suma, foi um
elevado investimento para nada. É verdade que tivemos pela primeira vez
bastante cobertura da mídia. Saímos até no Jornal Nacional, da Rede
Globo, mas não vejo isso como avanço. Sou refratário a esse tipo de
exposição, que mais serve aos interesses da emissora em busca de
audiência e em sua guerra particular contra a Record.
Estou cansado
Por fim, confesso que estou cansado. Minhas forças se exaurem diante
desse quadro, para mim, calamitoso em que nos encontramos. Sei que o
Senhor Jesus tem compromisso com a sua igreja, não com a igreja dos
homens. Mas é doloroso ver o que fazem em nome da Igreja de Cristo e
posarem como “santos”, quando de “santos” nem a capa têm. O que aqui se
expõe não é nem 10% do que sabemos. Fico como Jeremias que, em momentos
assim, reclamava com Deus por não ver a resposta do povo às suas
advertências. Estou cansado, mas tenho de continuar até quando Deus
quiser. Mas sinto-me cada vez mais longe desses sistemas que em nada
glorificam a Deus, mas buscam os interesses de uns poucos que
sobrecarregam o povo com uma mensagem opressora que nem eles mesmos
suportam.
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