A provável eleição hoje de Fernando Haddad (PT), 49 anos, como prefeito
de São Paulo consolida a tendência de renovação dos quadros da legenda,
criando uma espécie de geração 3.0 que comandará o establishment
partidário num futuro próximo.
Num misto de intuição, diletantismo e análise objetiva do cenário
político nacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o
primeiro a antever a necessidade de apresentar um candidato "novo" na
disputa paulistana. Escolheu Haddad. Removeu todos os obstáculos à
frente, inclusive aquela que seria a candidata natural do PT, a senadora
(hoje ministra da Cultura) Marta Suplicy.
Haddad indica que o PT sempre inicia seus novos rumos em solo paulista.
Eleito, será um vistoso representante da terceira onda petista.
Nos anos 80, o PT teve sua primeira fase política. Apresentava-se como
novidade. A síntese era o slogan "diferente de tudo que está aí", usado
Eduardo Suplicy em uma de suas campanhas.
Em 1988, o PT 1.0 registrou o ápice de seu sucesso, com a eleição de
Luiza Erundina prefeita de São Paulo, em sucessão a Janio Quadros. Mas o
partido era duro no trato político. Fazia raras alianças ao centro e
nada com a direita.
A gestão de Erundina deu ao PT a fama de ser inepto quando ocupa o Poder
Executivo. Tanto é que em 1992 o partido foi derrotado na disputa
paulistana por Paulo Maluf. Os petistas entraram em uma de suas maiores
crises, que chegou ao paroxismo com a derrota de Lula para o tucano
Fernando Henrique Cardoso na eleição presidencial de 1994.
Cristalizou-se então a era dos expurgos no PT. No início dos anos 90, a
legenda deu ultimatos para tendências de esquerda incrustadas na legenda
--que faziam "entrismo", no jargão dos militantes. Com muito custo, o
PT se livrou de grupos ainda apaixonados pela revolução cubana e
incapazes de enxergar o mundo sem o Muro de Berlim --derrubado em 1989.
Essa época de um PT mais pragmático coincidiu com a ascensão de José
Dirceu ao comando formal da agremiação, em 1995. A gestão do partido se
profissionalizou. Alianças ao centro começaram a ser mais aceitas. Não
foi o suficiente para que Lula ganhasse a eleição presidencial de 1998
--perdeu novamente para FHC--, mas deu ao partido uma bancada de 59
deputados e 7 senadores.
Marta Suplicy se consolidou em 1998 como o principal nome do PT 2.0.
Teve 3,7 milhões de votos na disputa pelo governo do Estado, só 74 mil a
menos que Paulo Maluf. Dois anos depois, foi eleita prefeita de São
Paulo.
Ato contínuo, em 2002 foi a vez de Lula chegar ao Planalto, vencendo o
tucano José Serra. Essa segunda onda petista chegou ao topo em 2004,
quando o PT foi o partido que mais teve votos para candidatos a prefeito
em todo o país --embora Marta não tenha conseguido se reeleger na
cidade de São Paulo.
Quando eclodiu o mensalão, em 2005, a cúpula do PT 2.0 começou a ser
dizimada. Houve também outros escândalos, como o caso que envolveu
Antonio Palocci e a quebra do sigilo bancário de um caseiro em Brasília.
Com a economia nos eixos e uma forte classe média robustecida por
milhões de brasileiros vindos dos estratos menos favorecidos, Lula
conseguiu se reeleger em 2006. Mas já começou a preparar a renovação do
partido.
Ao escolher sua então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para
sucedê-lo, Lula apavorou muitos petistas. Mas ele provou estar com a
razão em 2010. Daí para a escolha do "novo" Haddad neste ano foi um
pulo.
Ainda não se completou a renovação petista. A sigla ficará um período de
luto em respeito às prisões inevitáveis de mensaleiros condenados. Mas a
eleição de Fernando Haddad torna inexorável a predominância do PT 3.0
daqui para a frente.
com imformação da folha de são paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário